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Aqui no meu blog você vai achar dicas de Computer Music, especialmente de Pro Tools, Reason, Live, áudio profissional e Homestudio. Alguns trabalhos artísticos que eu fiz também têm seu espaço. Há muita informação legal nos comentários. Use a caixa de pesquisa logo abaixo para achar um assunto que você está procurando.

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50.000 pageviews é um número legal!

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Daniel na AVID

Mês passado estive em Boston (mais precisamente em Burlington) junto com meu colega de Quanta, o Renato, para um treinamento de certificação na Avid sobre armazenamento de mídia via rede para usuários de Pro Tools enquanto nevava do lado de fora.

Figura 1 - O prédio da AVID.

Figura 2 - O logo da AVID recebendo os gentis flocos de neve.

Esse curso foi sobre o ISIS 5000, um servidor de mídia (dados) focado nos usuários de Media Composer e Pro Tools.

Figura 3 - O pessoal do curso.

Oficialmente o ISIS 5000 traz o título de Ethernet-based Shared Storage Network, ou seja, armazenamento compartilhado baseado em ethernet e é o acrônimo de Infinitely Scalable Intelligent Storage, que, por sua vez significa Armazenamento Inteligente Infinitamente escalonável. Este curso que fizemos tem o esotérico nome UN425-ACSR-ISIS 5000, e certificou-nos para instalar, configurar e fazer troubleshooting de sistemas ISIS 5000 de qualquer magnitude.

O ISIS 5000 vem na forma de um gabinete (carinhosamente chamado de Engine), composto por 16 HDs de 1 ou 2 TB, mas podemos juntar até seis ISIS 5000, permitindo o acesso ao total máximo de 192TB (Tera Bytes) de espaço para dados. Tá bom para você?

Pense comigo: Imaginando que um arquivo de áudio de um minuto em 16Bits / 44kHz no formato .wav tem aproximadamente 10MB, percebemos que o ISIS 5000 em configuração total (6 unidades com HDs de 2TB) nos permite gravar 19 milhões e duzentos mil minutos, que são o mesmo que 320.000 horas ou 13.333 dias ou 444,4 meses ou 37 anos de forma contínua, sem parar, até que ao final desse período ele atinja o máximo de sua capacidade. KKKK!

Esse incrível equipamento é especialmente útil para substituir todos os sistemas de armazenamento local em empresas (armazenamento feito no próprio computador) e também todas aquelas rotinas complexas de gerenciamento de dados e de backup.

Figura 4 - O painel frontal do ISIS 5000.

No ISIS 5000 todos os dados podem ser acessados simultaneamente por diversos usuários (clientes) sejam eles baseados na plataforma Windows ou Macintosh e que estejam conectados via cabo de rede diretamente ao ISIS 5000, ou via switch, seja o cabo feito de cobre ou óptico (com conectividade de 1Gb/s (gigabit) ou 10Gb/s respectivamente). Sem um switch, o ISIS 5000 permite até nove clientes conectados ao sistema acessando dados simultaneamente, ao passo que com a inclusão de um switch pode-se ampliar este valor para até noventa clientes simultâneos.

No coração do ISIS 5000 pulsa um computador com duplo processador fluindo pelo Windows 2008 Storage Server com Service Pack 2. O sistema próprio de gerenciamento de todo o Engine atualmente está na versão 4 e é o mais seguro e robusto de todos até agora. O disco de sistema é protegido por redundância e espelhamento (RAID 1) e conta também com funcionalidade Hot Swap, ou seja, pode ser trocado fisicamente por outro sem a necessidade de se desligar ou parar o sistema. Os dados são protegidos por RAID 5, onde toda informação é dividida em blocos e escrita em cinco HD diferentes, sendo um deles o reserva (spare), dando ao conjunto uma incrível resiliência. Todos os HDs de armazenamento tem detecção automática de erro e falha e são autorreparáveis e autorreconstruíveis, se é que existem esses termos. Pense que eles são irmãos do Wolverine. Além disso, a fonte e também os ventiladores são redundantes, estando suas sombras prontas para entrar em cena na eventualidade de uma falha de seu par. Nada pára no ISIS 5000 e nunca se perde dados. Nunca! Caso um disco apresente defeito, toda a informação que foi prejudicada imediatamente é recuperada automaticamente um aviso aparece no painel de controle.

O ISIS 5000 é um equipamento muito valioso para empresas que trabalham com vídeo, justamente por permitir o armazenamento seguro e resiliente de dados em grande quantidade e também o fato deste permitir o fluxo rápido de dados com enorme largura de banda (bandwidth) entre o storage e o cliente, que pode chegar a ordem efetiva de até 1.8GB (gigabyte) por segundo, mas também é super indicado para empresas que trabalham com áudio, mesmo necessitarem de fluxo de dados bem mais modesto.

Como o ISIS 5000 é compatível com conectividade via fibra óptica os clientes que o acessam podem estar até 300m distantes, permitindo que instalações complexas se beneficiem do sistema sem complicações com cabeamento. Muito prático para estúdios onde há diversas salas técnicas aliadas a uma grande sala de gravação e outras salas menores e possivelmente outra dedicada à masterização. Neste cenário todos podem acessar o storage central simultanteamente com bandwidth garantido e total segurança de proteção de dados.

Figura 5 - O painel traseiro do ISIS 5000.

Para usar o ISIS 5000 em versão 4.0 com o Pro Tools é necessário utilizar a funcionalidade disk cache, portanto este sistema está indicado para usuários de Pro Tools HD, especialmente HDX, a partir da edição 10 ou àqueles na versão expandida com o Complete Production Toolkit 2. Ambos estes sistemas devem estar instalados no ambiente Windows 7 ou Mac OS X. 

Nesse formato de Pro Tools acima descrito, com o disk cache ativo os dados são armazenados na RAM e depois são comunicados diretamente com o ISIS 5000, ganhando-se performance. Para usuários de versões anteriores é necessário utilizar o sistema Push/Pull, onde os dados devem ser escritos localmente em cada máquina de cliente antes de passarem ao ISIS 5000, onde incorre um decréscimo na velocidade de comunicação.

Definitivamente o ISIS 5000 não é o seu HD externo corriqueiro, nem a sua intranet normal, é de longe a melhor e mais completa solução para armazenamento e sharing de dados para sistemas complexos que utilizam o Pro Tools, Media Composer ou outros softwares similares compatíveis e que pode salvar seu dia e todo seu trabalho no evento de uma pane geral; não do ISIS 5000 entretanto. 

Excetuando-se a instalação que é bem complexa, onde devem ser alocadas os grupos e workspaces de acesso dos usuários e os limites de banda para cada um deles, seu uso no dia-a- dia é muito simples, bastando idealmente uma “ronda” ao menos 2 vezes ao dia dentro do ISIS 5000, para garantir que haja espaço suficiente disponível para todos os clientes e verificar se houve algum problema que provavelmente foi corrigido automaticamente, tranquilo.

Como o ISIS 5000 tem uma probabilidade de falha incrivelmente reduzida e a perda irreparável de dados é praticamente nula, se você precisa de espaço, velocidade de acesso, segurança e rotinas simples de gerenciamento para seus dados esse é definitivamente o caminho a seguir.

Retificando: Pensando bem acho que o ISIS 5000 está mais com cara de uma companhia de seguros gerenciada por um técnico ultra competente de TI do que de uma despensa.

Figura 6 - Tentativa de armazenamento de mídia em sistema paralelo ao ISIS 5000.

Para os usuários domésticos e os de pequena proporção não cabe usar um ISIS 5000, pois neste outro mundo normalmente dados são gravados e lidos localmente e pronto. Ao mínimo, estes usuários costumam usar o mesmo disco do sistema (apesar de não ser oficialmente recomendado), mas atentam para que seja um de 7200RPM ou sólido (SSD), sem mencionarmos do fato de ter muito notebook com HD de 5400RPM sendo suficiente por aí. O ideal mesmo, todo mundo sabe, é ter um outro disco rígido além do utilizado pelo sistema, bem rápido e só para dados, seja interno ou externo, sendo que deste último tipo é mister serem de conectividade USB 2.0 ou superior para sistemas Windows ou Firewire para Mac OS X. Thunderbolt também é uma opção viável para Macs.

Figura 7 - HD externo Avastos SDX 400.

Em uma visão mais econômica, não há nada de errado em gravar sua sessão em um DVD, pendrive ou HD externo, desconectá-lo e levá-lo fisicamente e pessoalmente a outro estúdio ou sala e dizer para o outro técnico amigo: - Tá aqui a sessão, pode mixar agora! Nada errado também em enviá-la via e-mail ou FTP; zipada de preferênica. Todavia, mesmo sem o ISIS 5000, a partir do Pro Tools 10 é possível utilizar a funcionalidade disk cache (versões HD ou expandida com o CPT2) para fazer o direcionamento final dos dados à uma unidade de armazenamento coletiva que está na rede, mas dificilmente haverá controle de largura de banda, um bom protocolo de segurança e provavelmente nada ou ninguém irá garantir que seu áudio vai ficar ali direitinho.

Texto extraído em parte do original publicado na revista AM&T 255.

Review MOTU Track 16 - A pequena notável


Em toda análise de produto, nós especialistas de produtos temos que ser chatos. Temos que prestar mais atenção nas coisas ruins do que nas coisas boas e depois decidir se as coisas ruins pesam mais que as boas. Só quando a quantidade de coisas boas ganha, passamos então ao próximo passo, comparando-as com as coisas boas de outros produtos, para então chegar ao veredito final. Com a MOTU Track 16 não foi diferente. O único desvio da tradição dessa vez foi a expectativa de testá-la. Realmente estava muito alta a minha ansiedade, pois antes de conhecê-la já vinha projetando a interface ideal para meu setup quando vi um anúncio em uma revista sobre a Track 16, pensei na hora: Não acredito! Isso é exatamente o que estou procurando. Parecia que o pessoal da MOTU tinha lido meus pensamentos e fiquei bem animado.

Figura 1 – A Track 16 em plena glória clássica de imagem renderizada de produto da MOTU.

Como conheço de cor e salteado a reputação da MOTU eu tinha convicção de que seria um produto inovador e de alta qualidade. É inegável que toda MOTU tem vários pontos de excelência que a faz estar no topo, mas existem outros pontos que somente são classificados como positivos e alguns outros poucos e irrisórios que são os pontos negativos, como qualquer outro produto normal.

Para já começar em bom tom digo que acredito de pé junto que ela deve ser a melhor das escolhas para qualquer um que esteja buscando algo na categoria de interfaces com múltiplas entradas e portátil, ainda diria mais: Ela é quase perfeita; principalmente para aqueles que não querem uma interface de rack, que produzem música virtualmente, tocam (principalmente teclado e guitarra), gravam e processam instrumentos musicais e usam telefones e tablets para fazer música com sotaque eletrônico junto com um colega flautista e músicos convidados esporádicos, que é exatamente o meu caso.

Mesmo sendo do tipo “maiorzinha” que sua prima Duet ela ainda cabe muito bem ao lado do notebook, sem atrapalhar. Perfeita para estúdio e principalmente para o palco e estrada.

Figura 2 – A T16 encaixadinha no lugar da Duet. Nenhuma alteração de posicionamento horizontal dos demais companheiros de setup.

POSITIVOS E NEGATIVOS

O primeiro ponto positivo é a quantidade de roteamento possível entrando e saindo da interface. Nenhuma outra interface do mercado nesta categoria é tão versátil, oferecendo tantas entradas e saídas e esse foi o ponto fundamental que me levou a substituir a Apogee Duet (Firewire). Eu estava precisando de mais inputs, mas a pobre substituída pode oportunamente voltar à cena em um futuro aggregate device, quem sabe... Devo mencionar também que o preço da MOTU Track 16 é muito convidativo, sendo um pouco mais que o da Duet 2 e menos que o da Quartet e, mesmo assim, provendo mais roteamentos que ambas. A Quartet era a substituta óbvia para mim, mas as minhas duas portas USB estão sempre ocupadas, ela tem menos inputs e outputs e não gosto de Hubs.

Como disse acima, o principal motivo pela troca foi a oferta da grande quantidade de entradas e saídas esta iria me permitir direcionar sem ter que ficar plugando e desplugando cabos. Como meu setup atual é composto por 2 microfones, 1 violão, 1 guitarra, 1 piano elétrico estéreo e 1 iPad ficou fácil ligar tudo ao mesmo tempo e processar o sinal usando o DSP da própria placa e os plug-ins do próprio driver e também do software em uso (Pro Tools para gravação, Reason para Produção, Live para o Live PA e Komplkete para os instrumentos). Sendo assim o Live PA e ensaios não dependem de mais nada, somente da interface de áudio e do computador. Com isso em mente eu estava já conformado em deixar para trás os límpidos conversores Apogee e encomendei uma assim mesmo, sem testar.

Outro ponto fundamental que me comprou foi uma bobagem: a inclusão de dois conectores de fone de ouvido na interface. Estes me permitiriam ensaiar com um colega sem ter que arranjar outro esquema para fazer outra via de monitoração. Menos coisas. Less is more.

Figura 3 – As duas saídas de fone.

Antes de falar sobre a comparação sonora da MOTU Track 16 em relação à Apogee Duet quero transmitir a minha primeira impressão sobre a interface de áudio quando ela chegou, depois de eu ter lido e visto tudo a seu respeito na internet. Inclusive eu já chamava-a carinhosamente de T16. Bastava então a confirmação, mas comecei de nariz torcido.

O RUIDINHO OU O CHATO?

A primeira coisa que fiz assim que abri a caixa em casa foi instalar os drivers. Depois desliguei tudo e conectei a T16 ao computador, um Macbook Pro de 13 polegadas com i5 não homologado para rodar Pro Tools, mas que nunca me deu um problema sequer. Lembra aquele ditado? Casa de ferreiro...

Liguei a interface através do cabo Firewire para atuar no sistema Bus Powering. Assim que eu liguei a T16 ouvi um ruído agudo bem baixinho no ambiente. Ã? Cheguei com o ouvido perto da interface por cerca de uns 10cm para ouvir melhor e confirmei que era tipo um apito, uma onda senoidal, similar à estas que ouvimos em monitores de vídeo CRT com problemas. 

Como meu Homestudio é muito silencioso esse ruído instantaneamente me incomodou e chegando perto da interface percebi que o ruído vinha dela mesmo. Ligando e desligando várias vezes o setup notei que esse ruído era mais forte durante o processo de início, onde há o protocolo de inicialização enquanto os LEDs aparecem em colunas que migram do meio para as pontas, mas assim que este processo acaba o ruído diminui, mas não some totalmente. Fiquei intrigado e resolvi testar outra Interface. No outro dia, de volta à Quanta, peguei outra do estoque e liguei-a. Mesma coisa! Religuei a minha e pumba! Idêntica. Encarei isso como uma falha de projeto. Recoloquei ambas em suas caixas e voltei para casa analisando a perspectiva de como viveria com isso já que a primeira parcela havia sido debitada e ainda me restariam nove, já que os recursos realmente eram importantes para mim, que eu estaria de fones e não ouviria o barulhinho, que eu faria música mais alta que aquilo, que na verdade eu estava sendo criterioso demais e assim por diante.

De volta ao home resolvi testar o sistema de personalização de troca de cor dos LEDs para ver se a frequência ou a intensidade do ruído mudava, outra feature interessante. Daí sim o cenário melhorou. De fato muda a intensidade e até a frequência do ruído e cheguei então à conclusão que o padrão verde com a seleção em vermelho é o que menos emana este ruído agudinho chato. Coisa de LED.


Figura 4 – Padão verde com seleção em vermelho, o menos irritante de todos.


Figura 5 – Padrão vermelho com seleção em verde. Irritante, porém mais visível no escuro.

De qualquer forma, até agora, não sei se o ruído consegue ser mais chato que eu que fico procurando esse tipo de coisa e se contenta apenas com o perfeito, mas é certeza que só seria audível no absoluto silêncio, situação quase impossível em ambientes musicais e que não atrapalha em nada as captações acústicas, excetuando-se aquelas de voo de pernilongos nas imediações da interface.

De qualquer forma este ruidinho chato existe quando liga-se a T16 no computador via firewire com o computador conectado à rede elétrica, com ou sem aterramento, também via USB, só na bateria do Notebook e diminui quando o boot da interface acaba. Mesma coisa quando ela está desligando, com exceção de que o ruído desaparece totalmente no final, pois obviamente fica sem energia alguma.

Aproveitando que estou falando dos LEDs na T16 outra coisa que achei que poderia ter sido melhor projetada é a blindagem dos pontos de luz dos medidores, sem mencionar que o conjunto de LEDs dos medidores dos Line In estão um pouco abaixo de seus furos na carcaça, diferente dos medidores vizinhos (outra chatice minha).

Figura 6 – Os LEDs dos medidores do Line 1-2 um fio de cabelo abaixo de onde deveriam estar.

Como eu disse acima, há um vazamento de luz entre os pontos de LED dos medidores na interface. Como os pontinhos de LED são um pouco grandes a luz de um ponto vaza para o medidor vizinho e também para o estágio de medição acima, podendo levar à uma medição errada. Note que não há um fade de intensidade de LED no medidor e sim um simples on ou off. 

Algumas vezes eu não tive certeza se estava clipando mesmo ou se era apenas um “crosstalk” de iluminação do penúltimo LED iluminando o LED acima. Preferi monitorar o sinal no CueMix FX, que diga-se de passagem, tem um espetacular sistema de medição, incluindo RTA FFT logarítmico, medidor de correlação de fase, espectógrafo e até um osciloscópio, que utilizei para confirmar a interferência do ruído do AC da minha casa nos outputs da interface quando trabalhando sem aterramento.

O SOM

Para testar o som da saída da T16 (Conversão DA) eu conectei-a ao computador via USB e a Duet via firewire e fui fazendo um AB mudando as configurações de saída do iTunes no programinha Audio and MIDI Setup do Mac OS X ouvindo uma música sem compactação que tinha na biblioteca do iTunes. Gosto de usar a “Spinning” do Zero 7 como referência, pois tem tudo: de vocal à coisas eletrônicas e ainda é uma música bonita. Minha primeira impressão: A Duet Firewire tinha “exatamente” a mesma sonoridade que a T16, mas ficou no ar uma leve sensação de que a Duet tinha uma melhor representação de espacialidade, de palco sonoro, ou seja: os louros estavam tendendo para a Duet. Os instrumentos musicais e a voz pareciam levemente mais distintos e claros, porém numa porcentagem quase imperceptível. 

Ao final cheguei à conclusão que ambas têm som praticamente idêntico e que somente os obsessivos iriam totalmente desvincular a ideia da pseudo-supremacia mundial da marca Apogge e acreditar que a Duet ganhou. Depois ouvi de tudo, de música clássica a Van Halen e achei tudo muito parecido a ponto de ignorar a comparação e conclui que o conversor DA de ambas são do mesmo naipe. Usei um fone Pro 750 da Ultrasone que é muito transparente e que conheço bem. Resultado: a MOTU empatou com a Apogee na categoria conversão digital-analógica.

A ENTRADA DE ALTA IMPEDÂNCIA E O PRÉ DE GUITARRA

Nesse quesito a T16 ganhou da Duet com ampla margem em um aspecto e perdeu por pouco em outro.
O som de guita chegou muito quente, redondo e firme, graças à impedância correta do caminho analógico pré-conversão que a T16 tem. Todas as guitarras que testei chegaram lindas e bem melhores que na Duet (especialmente a Ibanez GB-10 1978 e a Gibson Les Paul BFG 2008). Fiquei muito satisfeito com o som que consegui tirar e com uma leve pitada de compressão e de equalização do CueMix FX posso dizer que ficou exatamente como eu queria.

O Violão também chegou bacana, um modelo top da Giannini customizado pelo Saraiva. Coloquei um reverb e voilà! Sonzeira.

Agora o ponto chato, ou melhor, o ponto do chato: o botão que controla o Pré da T16 não é liso, ele é do tipo “dented”, daqueles que giram em pequenos encaixes. Até aqui tudo bem, vários prés top são assim também, mas ao girar esse botão para ajustar o pré digital com a linha aberta (passando o som) dá para ouvir uns estalinhos de variação de ganho; na Duet não existe isso, pois seu pré é totalmente discreto quando ajustado. Mas o som de guita que tirei da T16 foi bem melhor. Isso é o que importa, mas melhor seria se não houvesse estalinhos. Todavia ninguém ajusta (ou deveria ajustar) o pré enquanto está tocando ou gravando, certo?

A ENTRADA DE MIC E SEU PRÉ

O pré de microfone da T16? Mesma coisa. Sonzão, mas com estalinhos ao mudar o ganho.

AS ENTRADAS DE LINHA

A entrada de linha da T16 tem também um estágio de ganho progressivo diferente de algumas entradas e ainda comporta sinais em -10dBV ou +4dBu, o que para mim foi muito importante, pois descobri que o som do meu teclado chega mais suave do que eu imaginava e alguns dBs de ganho ajudou a encorpar o seu som. Apesar de não ser o que eu queria que fosse o certo, acabou ficando bom e segundo nosso amigo Joe Meek, se o som tá certo, é porque é o certo.

No manual diz que é possível controlar o ganho de todas as entradas físicas da T16 usando-se o seu grande botão (Pág. 12) ou o botão virtual no CueMix FX (o software da T16). Sendo assim não consegui um modo de ajustar o ganho das entradas 3-4 (conector P2 na frente da interface aonde chega o som do meu iPad) usando o grande botão. Tive que usar o botão de volume do dito cujo para ajustar a intensidade de sinal que eu queria ou então girar com o mouse o botão no CueMix FX. Obviamente, não consegui também controlar o Mix Bus do canal 3-4, pois não há um seletor 3-4 no painel da T16, apenas o Line In 1-2, portanto o uso do “or” nesta página do manual refere-se ao “ou” neste parágrafo e este input 3-4 é o que ficou de fora. Tadinho. Quem sabe um update de firmware possibilite o clique no botãozão para chavear entre o Line In 1-2 e 3-4...

O CHICOTÃO

A única coisa estranha no quesito design da T16 é o chicote que acompanha a interface. É um monstrão mesmo. Enorme. Nesse item também tem um item negativo que eu acho que tem mais a ver com o threshold da minha obssessividade do que com o produto em si. O cabo é muito bem construído, mas que plugues são esses? Olhando o plug XLR de frente dá para ver que a moldagem do plug não é do tipo Top, como os utilizados na Apogee Duet 2, onde são todos Amphenol, e cuja logomarca oferece tranquilidade. Os da T16 parecem ser plugues simples, do tipo que eu não recomendaria. Bem que podiam ser melhores, entretanto não tive nenhum problema em relação a estes, pois não houve nenhum ruído no sistema.

Figura 7 – Detalhe do plugue XLR do chicotão.

Talvez o breakout box, aquela caixinha onda há os mesmos conetores do chicotão, que é vendida separada, possa ser uma melhor opção para se ter no estúdio ou então trocar os plugues por outros da Amphenol, Neutrik ou outro similar, mas duvido que eu chegue a fazer isso. Quem sabe apenas comprar a breakout box para não mexer na instalação do chicotão quando eu for tocar ou ensaiar fora já seja boa ideia. Esqueça o que eu falei.

O CUE MIX FX
Adorei!


Figura 8 – O Cue MIX FX que inclusive pode rodar paralelamente com qualquer software.

Simplesmente fantástico esse software. Ele permite que se use efeitos no sinal antes que estes passem pelo conversor ou depois, entenda ainda que cada canal físico (qualquer um dos inputs ou outputs em mono ou em pares) terá acesso à equalização, compressão e mandada para um reverb, assim como acesso às inúmeras medições de nível laboratorial.

Muito bom o som dos equalizadores, dos dois compressores e também do Reverb. Nota 10. E a questão do DSP interno ajuda muito para aliviar o processamento do computador. Usei bastante o processamento de EQ, compressão e reverb nos canais que antes passavam por plug-ins e deixei a DAW apenas processando o sinal com recursos que não tem na interface, como o Guitar Rig nos canais de guita e outros plug-ins esotéricos nas saídas, partindo do Beat Repeater.

Essa coisa de ter 8 buses diferentes de mixagem também é legal, mas confesso que ainda não vi muito uso para eles até aqui, pois usei apenas o Mix Bus do Line Out com o Phones copiando-o, mas imagino que seja útil para fazer diferentes mixagens para mandadas de fone.

Outra coisa legal é que se você ajustar toda a mixagem no Mix Bus, inserindo EQ, compressão, reverb e ajustar os volumes de cada canal é possível usar a T16 desse mesmo jeito apenas ligada à energia elétrica, como se fosse uma mesinha de som digital. Muito bacana funcionar em standalone! Ajsuta tudo, deixa o computador em casa e leva ela, o mic e o violão para o palco. Show!

Há até um template para controlar o CueMix FX do iPad, que na MOTU é grátis, mas o software em si é pago (Touchosc = US$4,99). Vale a pena pensar a respeito, mas para mim que estou usando o iPad para rodar o Loopseque, Figure, entre outros para dar o molho acaba por não fazer muito sentido.

Uma coisa que achei uma sacada genial é o fato de aparecer no software duas pistas adicionais que se chamam reverb e return 1-2. É como se existissem mais 2 pares de canais adicionais na interface, um que manda o sinal do reverb do DSP e que dá para gravar separado em uma pista só sua e outra com a somatória de tudo que está passando pela interface de áudio (no Mix Bus) e que se não tomarmos cuidado com este último podemos gerar realimentações amadoras profissionalmente. De fato é muito legal essa coisa de gravar o reverb e a mix, mas a pista do reverb só é útil se estivermos gravando uma take do começo ao fim ou um ensaio, tipo tocando uma música completa, mas durante uma sessão com muito overdubbing temos que criar uma pista de reverb para cada instrumento ou refazê-la do zero, formando uma sessão enorme que contém pistas de instrumentos e mais a sua pista homônima de reverb, fica meio, sei lá, esquisito.

O DRIVER

Um ponto forte do driver da MOTU é o de propiciar um buffersizer de 64 samples. Isso faz com que a latência seja bem pequena a ponto de ser totalmente abstraída. Entretanto houveram algumas falhas que ainda não sei ao certo o que causou. Em determinados momentos o CueMix FX perdeu a conectividade com a T16 e fechou. Daí tive que reiniciar o computador para que o software achasse novamente a interface. Uma coisa curiosa foi o fato de eu ter continuado mandando bala no iPad e no teclado enquanto o Macbook fazia o boot até que abri o CueMix FX e ele encontrou a T16 novamente, tudo isso sem o som parar de passar por ela e sem nenhum clique no áudio. Se eu estivesse tocando ao vivo a plateia não iria nem perceber que resetei o computador, mas dei sorte, pois não estava usando nenhum software.

Um mês depois, como troquei de HD resolvi formatar a máquina e migrei para o Lion. Até agora o CueMix FX não perdeu conectividade. Se em algum momento isso acontecer de novo vou tentar criar um novo usuário para ver se é problema de software, se não resolver, resetar a PRAM, se persistir, resetar a PMU e usar todo arsenal de procedimentos maravilhosos que são posteriores à troca de cabos e isolamento de periféricos incompatíveis, dentre outras investigações menos complexas. Mais sobre isso no futuro próximo se vier a acontecer de novo.

O QUE FALTOU?

Excetuando-se a falta de controle direto do Trim do input analógico 3-4 direto na interface, algumas outras coisas ficaram faltando na minha opinião. No próprio corpo da interface deveria ter um conector de energia, que só está disponível no chicotão. Se vamos usar a T16 em modo USB só como mixer em modo standalone, seja para tocar um violão no palco, por exemplo, temos que conectar o chicotão para então poder conectar o adaptador de AC. Fica meio estranho aquele monte de coisa pendurada para ligar um fiozinho.

Outra coisa que senti falta foi uma saída de linha analógica com impedância real de linha (não as de fone) da interface, assim como tem na nova interface da Focusrite, a Forte, mas que tem apenas 2x4 canais e é descaradamente mais parecida com a Duet. É certo que as portas ADAT estão lá na T16 e qualquer um pode ligar um cabinho óptico e transferir 8 canais para um conversor, mas daí fica maior ainda que o chicotão, certo?

FINALMENTES

Fato é que eu nunca tinha visto uma interface de áudio com tantos recursos assim em um pacote tão pequeno: enorme quantidade de canais, boa qualidade de construção, ótimo som, super-recursos (esqueci de falar que usei o afinador do CueMix FX e que gostei bastante também), sem contar o preço acessível. Todos os pequenos pontos negativos que aqui citei parecem ganhar uma enorme dimensão quando lidos, mas na verdade são besteirinhas, tanto é que ontem liguei a interface e nem percebi o barulhinho chato e saí tocando. Aprendi a ler os medidores e enrrolei o chicotão atrás do piano. Agora nem sei mais se o ruidinho sumiu ou se estou com tinnitus; mais provável que seja algum transtorno obsessivo compulsivo típico de especialistas de produtos mesmo.

VEREDITO 
Recomendo!


Figura 9 – A T16.

Que mais posso dizer? Ah, estou caminhando para a terceira parcela satisfeito e adorando a pequenina T16!

UPDATE (18 02 2013): Enfim a Track 16 parou de funcionar via bus powering com o cabo firewire. Ao ligar a fonte a interface voltava a funcionar. Significava que a alimentação do bus não estava sendo suficiente. Uma maior investigada no laboratório da Quanta revelou que a voltagem estava chegando ok, mas não estava passando adiante pelo circuito. Defeito! Seguiu então para RMA internacional e recebi outra novinha. Ufa!