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Aqui no meu blog você vai achar dicas de Computer Music, especialmente de Pro Tools, Reason, Live, áudio profissional e Homestudio. Alguns trabalhos artísticos que eu fiz também têm seu espaço. Há muita informação legal nos comentários. Use a caixa de pesquisa logo abaixo para achar um assunto que você está procurando.

Boa navegação!

Partitura no Pro Tools 11: Exatamente para quê?

A DAW que o Mozart usava era ele mesmo.

As ferramentas que ele tinha à disposição em seu home studio eram seu próprio computador orgânico craniano (algo próximo de um Mac Pro Super Ultra Mega Power Googol Core iX com 512YB de RAM)*, suas mãos, um piano, papel e caneta (talvez uma pena afiada de um ganso que provavelmente virou travesseiro, ensopado com batatas ou bife de foie gras para algum magnata da corte de Viena) todos juntos numa espécie de MIDI químico. Talvez um Rewire sináptico.

* (1 Googol = 10100 e 1 YB = YottaByte = 1024 Bytes)

Bobagens à parte, devia ser complicado para os outros músicos (de classificação normal) na mesma época produzir e registrar música rabiscando notas no pentagrama, molhando a pena no nankin frequentemente, para depois ler e transdutar (caso exista este verbo) o que antes era informação na forma de energia eletromagnética oriunda da reflexão da escrita presente no papel na energia mecânica gerada pelas mãos pressionando teclas do piano ou percutindo alguma corda ou, quem sabe, através da contração dos pulmões, culminando na promoção do movimento dos fluxos da matéria que compõe o ar para enfim ter-se música.

Circunlóquios e outras bobagens à parte, é fato que a escrita musical tradicional foi durante muito tempo o meio mais moderno de produção musical e a única forma de registro. O Mozart provavelmente fazia isso de forma bem natural e prática: abria um pentagrama com uma armadura de clave e em alguns instantes surgia uma sequência de preciosidades musicais. Reza a lenda que ele nem rasurava o papel, simplesmente ia saindo a música pronta de dentro de sua cabeça através de sua mão, parte por parte (canal por canal), mas eu não estava lá para conferir.

Partituras para a maioria de nós, músicos empíricos acostumados com a tecnologia que nos deixa cada dia mais sedentários e barrigudos, sempre teve um ar de mistério com alto grau de complexidade. Quem aí desse clã que nunca passou aperto ao contar linhas e espaços para descobrir que um mi pulava para um sol que atire a primeira pedra! É fato que para muitos músicos o uso de partitura já não faz parte do métier. Depois que inventaram o Piano Roll MIDI tudo ficou mais fácil, principalmente para os não iniciados em notação musical.

É certo que existem aqueles que dependem de partitura, mas, muito provavelmente, não vão usar o Pro Tools para fazê-las. Certamente é um pessoal acostumado com o programa de edição de partituras mais pirateado da história, o Encore, rodando no Windows 2000 em um PC de monitor amarelado ou com os modernos Finale e Sibelius. Este último, também da Avid, é considerado por muitos power users de partitura como sendo o mais amistoso e poderoso de todos e eu concordo.

Interessantemente, no "making of" da produção da trilha sonora do Avatar, que pode ser assistido do canal do YouTube da Avid, os compositores aparecem usando o Sibelius em conjunto com o Pro Tools, mas também usam MIDI, instrumentos virtuais e também o modelo tradicional de composição da época do Mozart: tocando piano e escrevendo na pauta. Isso ilustra um fato importante: que em determinados casos é necessário fazer a produção musical em conjunto com recursos específicos para áudio e vídeo (como nesse caso) recorrendo ao poder da tecnologia atual para ter-se resultados sonoros verossímeis através de instrumentos virtuais, pistas de áudio e sincronismo apurado de música com imagens em movimento, para produzir-se ao final um material que possa ser impresso (ou individualizado em diferentes formatos) para que músicos de carne e osso possam tocar ao vivo a trilha sonora que irá substituir os instrumentos virtuais usados na pré-produção. Neste aspecto, e entre tantos outros, a integração Sibelius e Pro Tools sai na frente de qualquer outra combinação, assim como papel e caneta.

Há várias formas de usar o Sibelius em conjunto com o Pro Tools: É possível criar a música no Sibelius, depois exportar cada instrumento na forma de pistas MIDI e em seguida importá-las no Pro Tools; é possível produzir pistas MIDI no Pro Tools e depois exportá-las todas com um clique para o Sibelius, para em seguida adicionar detalhes intricados na partitura. Também é possível abrir ambos os aplicativos ao mesmo tempo e sincronizá-los via Rewire. Independentemente da forma na qual se trabalha o resultado sempre será uma partitura de alta qualidade e a reprodução sonora desta também irá ser de alta qualidade.

Como o Sibelius não é o meu foco não vou entrar em maiores detalhes aqui de como usá-lo, mas para aqueles que não tem ainda o Sibelius e querem produzir uma partitura simples para dar para seus alunos de piano, de baixo ou de guitarra na aula da quarta-feira depois da janta o Pro tools é um excelente candidato, segue abaixo algumas orientações:

A primeira coisa a considerar é que para termos uma partitura precisamos ter informação MIDI no Pro Tools, uma pista MIDI ao menos. Podemos escrever notas diretamente na partitura em um dos dois modos de visualização, vou então criar uma pista de instrumento, insertar um plug-in de piano (Mini Grand) e abrir o editor MIDI da janela Edit.


Figura 1 - Uma pista MIDI aberta na área MIDI Editor da Edit Window.

A parte de baixo dessa janela da figura acima é a MIDI Editor, que é acessível do canto inferior esquerdo da Edit Window. É nessa que normalmente editamos MIDI desde a versão 8, entretanto é possível alternar a visualização da informação MIDI de Piano Roll para notação musical, para isto, basta clicar no botão Notation Display Enable que tem o desenho de duas notas musicais (duas semicolcheias) que fica logo ao lado direito dos botões Solo e Mute; perceba também que o Pro Tools por default criou uma pauta de piano e já colocou as duas claves, a de fa e a de sol, mas podemos mudar isso clicando duas vezes sobre uma das claves para abrir a janela Notation Display Track Settings e mudar o campo Clef para outra opção.

Nessa mesma janela flutuante mencionada acima vou manter a tonalidade em do, pois o exercício é em ré dórico. Note que se você mudar o campo Display Transposition você não estará mudando a tonalidade da sessão e sim fazendo uma transposição na tela apenas e as armaduras podem não corresponder à tonalidade que você quer. Se você quiser realmente mudar a tonalidade é necessário posicionar o cursor no início da sessão e abrir a régua Key (Tonalidade). Clique então no ícone + para a janela Key Change aparecer, escolha outra tonalidade.


Figura 2 - A janela Notation Display Track Settings

Para mudar a fórmula de compasso clique sobre ela na partitura e modifique os parâmetros na janela Meter Change que se abre.

Tudo certo, vou agora popular a partitura com notas, mas primeiro clico para definir que tipo de nota vou escrever. Faço isso do menu flutuante do campo MIDI Note Duration (a nota musical em verde que fica ao lado do nome da pista e de sua velocidade (MIDI Note Velocity)) neste caso escolho colcheia (1/8 note). Como quero escrever tercinas clico também na opção Triplet, desse mesmo menu, um pequeno três aparece no canto da nota. No campo Grid escolho também o encaixe em tercinas, de modo similar.


Figura 3 - A caixa de seleção do tipo de nota a ser escrita

Seleciono a ferramenta lápis na própria janela de edição de partitura (não no topo do Pro Tools) e começo a escrever notas clicando na partitura. É possível mover o cursor para o lado para encaixar as notas em outros tempos, criando pausas, mas não foi a minha intenção aqui. Para escrever os sustenidos e bemóis é mais fácil clicar e segurar apertado o botão do mouse e ir arrastando a nota para baixo ou para cima até achá-la, depois soltar o botão.


Figura 4 - Notas.

Na verdade a maioria vai querer armar a pista para gravação e tocar em um teclado MIDI, muito mais rápido e prático. Só uma coisa pode impedir o input manual de notas, a falta de paciência.

Dica: Para apagar notas segure a tecla Option, o lápis vira ao contrário para você clicar com a borracha, mas é mais fácil clicar duas vezes na nota para apagá-la.

Que tal colocar um título, cifras e mais detalhes?

Vou abrir então a janela Score Editor para dar o acabamento. Visito o menu Window e escolho a opção Score Editor. Ahá, já temos título! Clico sobre ele duas vezes, a janela Score Setup abre. No campo Title digito algo melhor que "Title", o meu vai ser: Improviso circular de quartais em tercas menores, sem o ç mesmo, pois o Pro Tools não permite. Aproveito e coloco meu nome no campo Composer desse lindo exemplo musical contemporâneo. Só fechar a janela agora. Clico duas vezes onde aparece a insrição Inst 1 e, na janela flutuante, mudo para Piano. Aproveito para clicar o ícone Double Barline no topo da janela para que não fique compassos vazios na partitura. Já ficou com uma cara melhor.


Figura 5 - a partitura já com cara de partitura.

Agora, cifra.
Clico com o botão direito exatamente onde quero inserir uma cifra (no primeiro tempo do primeiro compasso) e escolho a opção Insert > Chord Symbol. A janela Chord Change abre-se. Nesta escolho nos campos Chord o acorde de ré menor com nona e clico ok.

Agora basta inserir as notas para a mão esquerda e partir para a impressão indo ao menu File, escolhendo a opção Print Score e pressionando o botão Print, alternativamente posso pressionar o botão PDF para gerar um documento que pode ser remetido por email. Pronto! Um material impresso de boa qualidade, mas de conteúdo dúbio.


Figura 6 - a partitura finalizada.

Felizmente existe o Sibelius para acomodar a escrita musical em um patamar mais elevado e de forma mais fácil, mas se você acabou de adquirir este incrível aplicativo e já tem material MIDI no Pro Tools que você quer transformar em partitura use o recurso nativo de exportação para o Sibelius conforme os procedimentos abaixo:

A opção Send to Sibelius do menu File abre imediatamente o conteúdo da janela Score Editor no Sibelius. Para fazer isso, abra a janela Score Editor e use o comando. Automaticamente, o Pro Tools abre o Sibelius para você. Atente que é necessário ter ao menos o Sibelius 5.
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Caso você queira usar um arquivo de Sibelius em outro computador ou enviá-lo para alguém, abra a janela Score Editor e use o comando Export to Sibelius do menu File. Este comando exporta as informações MIDI da janela Score Editor para um arquivo do tipo .sib. Salve-o onde quiser ou mande-o pela internet.


Ah, se o Mozart tivesse o Pro Tools ou o Sibelius para fazer música! Assim a gente ia poder saber como ele tocava realmente, estudar suas nuances, contemplar um gênio. Ainda bem que a tecnologia da época dele já estava avançada a ponto de ter ao menos as ferramentas clássicas que usamos até hoje: papel e caneta. Bom, pelo menos ainda servem para escrever aqueles bilhetes amarelos que ficam presos no monitor de vídeo.

Originalmente publicado na revista AM&T 268

Trocadalho do Carilho das DAWs

É Logic que para ser um Digital Performer em um Studio One Professional tem que ter muita Audacity. O segredo é usar todas as Pro Tools da forma correta para não ficar com o Cubase Nuendo, daí é só Samplitude direitinho que o sucesso virá à jato, em Mach 5. Saia da Garage Band para o mundo e faça tudo Live, pois a Reason disso está clara como Kristal: basta ser SADiE, ter uma MusE na cabeça, ligar o Sonar e tudo vai parecer um Rosegarden. O trabalho vai ser Ardour, mas seu MultitrackStudio vai ficar Pro 5. Espero que tenha Audition o que falei. Pronto, não perca mais tempo, vá Mixcraft! Ah, não se esqueça do anti Acid para curar a azia do si sustenido, que chega a dar dó, ou melhor dizendo: DAW.