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Aqui no meu blog você vai achar dicas de Computer Music, especialmente de Pro Tools, Reason, Live, áudio profissional e Homestudio. Alguns trabalhos artísticos que eu fiz também têm seu espaço. Há muita informação legal nos comentários. Use a caixa de pesquisa logo abaixo para achar um assunto que você está procurando.

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Três dicas para fazer o bumbo bumbar


Adoro dicas.
E estou sempre em busca delas. Quem não gosta de uma sugestão de um bom restaurante que também é bom de preço? Quem sabe um dia você capte no ar alguém dizendo que aquele tablet desejado está em promoção lá naquela loja do shopping ou que no clube do seu sonho agora também aceitam sócios contribuintes sem necessidade de compra do título, mas muitas dicas, infelizmente, não são grátis, enquanto outras são inacessíveis. Algumas são segredos bem guardados de quem as sabe e que não querem compartilhar. Odeio isso. Até já fiz aula de piano com professor que começou a esconder o ouro só para eu voltar semana após semana e pagar mais cinquentinha. Levou cento e cinquenta e ficou nisso.
  
Outra verdade é que essas dicas de hoje também não foram inventadas por mim, já vi bastante gente comentando-as em vários lugares e, portanto, nem sei a quem dar crédito. Fato é que são boas e espero que você não às conheça para não perder a graça, apesar de serem simples e até antigas, mas julgo-as importantes, principalmente para os menos experientes que sempre buscam informações em revistas especializadas. Estas dicas são fruto de gente inteligente que extrai o máximo de recursos simples; sina comum da maioria de nós brasileiros.

Chega de blá, blá, blá! Vamulá!

Dica 1 – Engordando o som do bumbo.
Provavelmente em algum dia não muito distante você tentou de tudo para dar aquele corpo de obeso mórbido ao bumbo. Usou pré-amplificador valvulado, transistorizado, mic dentro, mic fora, mic na maceta, tirou o abafador, colocou de volta, usou fita crepe, inseriu compressor, equalizador e exciter, usou plug-ins de toda espécie e nada; ainda estava murcho que nem aquelas modelos anêmicas da década de noventa que pareciam cabideiros ambulantes. Muito bem, vamos fazer o seguinte então: Vamos usar a pista do bumbo para abrir o gate de outra pista que tem um som sintetizado grave e vamos mixar esta com a do bumbo. Somando-se os dois sons, ficamos com um resultado encorpado.

Primeira etapa:
Escute a música e encontre a sua tonalidade (leia o final da dica 2 caso precise de uma ajuda extra). Neste exemplo a música que escolhi está em Lá menor, portanto vou definir a nota Lá para o bumbo (aliás, se você faz bastante música eletrônica fica ainda mais evidente a melhora da presença do bumbo se você afiná-lo na tonalidade da música).

Segunda etapa:
Crie uma pista de instrumento mono ao lado da pista do bumbo, inserte nesta o Vacuum e escolha um som que seja contínuo (sem decaimento) e com timbre bem grave, tipo o preset agradável 02 Super Basic PWBass que foi o qual escolhi.

Obs: O instrumento não precisa ser o Vacuum, mas é um instrumento prático para esta função. Se quiser dê uma “tweekada” no som manualmente.


Figura 1 – O Vaccum que vai virar bumbo.

Terceira etapa:
Agora pegue a ferramenta lápis, clique na pista de instrumento na Edit Window para a visualização mudar para notes e desenhe uma nota (a da tonalidade da música) de forma que fique do tamanho de toda a música.


Figura 2 – Uma nota musical para somar ao corpo do bumbo.

Agora vamos filtrar o som da pista do Vacuum com um gate que vai ser acionado via side-chain pelo som da pista do bumbo.

Quarta etapa:
Abaixo do Vacuum inserte o plug-in Expande/Gate (Dyn3 Expander/Gate mono) e na pista do bumbo faça uma mandada auxiliar para um Bus livre (aqui eu usei o Bus 3).

Obs: Na janela flutuante da mandada eu defini o roteamento pré-fader e também deixei o fader no máximo assim não precisa ficar ajustando o threshold no gate se mudarmos algo na mixagem do som original.


Figura 3 – A mandada para o Vacuum.

Quinta etapa:
Na janela do plug-in de gate insertado na pista do Vacuum é necessário ajustar alguns detalhes:
1.     Deixe o botão Range no mínimo (-80dB)
2.     Clique na caixa onde aparece o texto “no key input” ao lado do ícone de chave e selecione o mesmo bus definido para a mandada, lembrando que aqui neste caso foi o Bus 3. (não importa se a mandada estiver clipando, não vamos usar o som dela na mix!).
3.     Pressione o botão de chave no campo Side-Chain para ligar a funcionalidade.
4.     Dê play e ajuste o ponto do threshold e o decaimento se julgar necessário. Se você solar o bumbo e a pista de instrumento fica mais fácil este processo de ajuste.


Figura 4 – A pista do Vacuum abrindo e fechando junto com o bumbo.

Pronto! Agora os transientes do bumbo abrem o gate na pista do Vacuum no exato momento em que acontecem e se o Threshold e Release estiverem ajustados corretamente o gate fecha quando acaba o som do bumbo. Sendo assim, o resultado é um bumbo com alguns quilinhos a mais. Bacana. O Release e o Threshold são os ajustes mais importantes, reveja-os mais uma vez.

Dica 2 – Afinação do bumbo na tonalidade da música
Já falei sobre isso ali em cima, releia com atenção a primeira etapa da dica 1.
Ok, não expliquei como fazer, continue lendo:

Para afinar uma pista de bumbo basta ativar o recurso de áudio elástico na pista para podermos utilizar a ferramenta de pitch elástico. Clique na caixa para escolha do plug-in de áudio elástico (atente que não é em um slot de insert no channel strip, este slot fica na janela Edit logo ao lado do ícone Timebase de cada pista, no canto inferior esquerdo), depois disso, escolha o modo Polyphonic, caso contrário não será possível alterar a sua afinação. Clique então sobre o clip do bumbo com o botão direito (melhor consolidar tudo em um clip só selecionando todos e escolhendo Consolidate Clips do menu Edit) e escolha a opção Elastic Properties do menu flutuante. A janela Elastic Properties abre. Nesta, ajuste os campos Pitch Shift até que a tonalidade do bumbo case com a da música.


Figura 5 – Mudando a afinação do bumbo com o Elastic Pitch.

A tarefa de reconhecimento de tonalidade pode ser um pouco penosa, principalmente para quem não tem fluência musical e não está acostumado a tirar música de ouvido. Se você está tendo dificuldades com esse processo (para o bumbo ou para uma música inteira) você pode usar um programinha gratuito para te ajudar que se chama Rapid Evolution (www.mixshare.com) ou outro, de preço razoavelmente baixo, que é o Mixed in Key (www.mixedinkey.com), ambos são ótimos e largamente usados por DJs que pretendem mixar com base na Camelot Wheel.


Figura 6 – A Camelot Wheel (que para os músicos é o ciclo das quartas e quintas com as suas relativas menores)

Dica 3 – Compressão paralela.
Essa dica está longe de ser novidade, no mínimo é interessante para quem não conhece e uma oportunidade para relembrar aos que haviam esquecido. Essa metodologia de compressão é da década de 70 e tem até um verbete na Wikipédia. Foi tão utilizada por engenheiros de Nova Iorque que essa técnica acabou sendo conhecida como a compressão de Nova Iorque.  Hipoteticamente podemos usar essa técnica em várias situações, especialmente útil para dar o toque final na música inteira e mais importante ainda se ela for do gênero dance. Entretanto, hoje vou mostrar como usá-la para dar um grau no bumbo, é super simples e existem várias maneiras possíveis de se fazer isso, você é quem decide.

A ideia central é manter a pista do bumbo original sem compressão, mantendo-se a dinâmica tal como ela é e criar outra pista que irá ter o mesmo som do bumbo, só que comprimida. Assim ficamos com duas pistas distintas que se somam acrescentando a qualidade e benefício de ambos os mundos, o comprimido e o não comprimido. Para começar precisamos de duas pistas de bumbo com o mesmo material sonoro; isso pode ser feito de várias maneiras e algumas opções são:
A.     Fazer o endereçamento da pista para uma pista auxiliar via mandada (Cria-se uma pista auxiliar com a entrada definida em um Bus livre e roteia-se a mandada auxiliar da pista de bumbo para este mesmo bus)
B.     Duplicar a pista (Menu Track > Duplicate)
C.     Criar duas pistas auxiliares e definir um múltiplo roteamento de saída (Define-se a saída para o primeiro bus, depois se segura a tecla Control (Mac) ou Start (PC) e escolhe-se outro bus, conforme vimos na matéria do mês passado.

Neste exemplo, como tenho vozes sobrando, usei a boa e velha técnica de duplicar a pista, cliquei sobre seu nome e escolhi a opção Duplicate do menu flutuante. Agora, na segunda pista basta insertar um compressor e trabalhá-lo como quiser, normalmente com uma compressão tendendo para o lado pesado.


Figura 7 – O compressor (do plug-in Channel Strip) comprimindo a pista duplicada de bumbo.

Outra coisa: como temos duas pistas com mesmo material sonoro o volume final fica mais alto, então um bom ponto de partida para finalizar o ajuste é abaixar um pouco o fader da pista com o som de bumbo sem compressão, abaixar totalmente o fader da pista que tem o compressor e vir subindo-o lentamente até achar o ponto onde as duas pistas casam bem.


Figura 8 – A pista de bumbo com compressão paralela.

Nada como três dicas para adensar o repertório. Na verdade foram mais de três; algumas outras estão escondidas no corpo do texto e nas figuras. Basta agora usá-las todas e passá-las adiante para todo mundo fazer melhor suas músicas.

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